terça-feira, 31 de maio de 2011

Último passo

Eu estou quase na beira, só olhando. Todo precipício carrega sua beleza e seus medos. Ele me instiga a curiosidade, mas me causa arrepios. Como eu queria saber como é lá embaixo! Será tão bonito quanto parece daqui de cima? Vou dar só mais um passo à frente, me aproximar o máximo sem correr o risco de cair e me machucar. Um passo. Mas agora já dá pra ver mais coisas, as belas e as assustadoras e é como se eu não conseguisse me segurar. Eu quero cair, quero ver o resto e me aprofundar. Adrenalina. Angústia. Tudo isso sou eu, agora. Subo nas pontas dos pés, me desequilibro e penso: é hora de se jogar. Eu já sei que pra sentir tudo que quero sentir, tenho que arcar com as conseqüências do final. Voar vai ser bom, mas cair é inevitável.  

sábado, 14 de maio de 2011

O que eu não sei dizer

Tenho medo das palavras. Parece que se eu as disser  em voz alta, elas vão ser mais verdade do que já são só de pensá-las. Escrever não dá. Palavras escritas tem o peso da eternidade, do imutável, não dá pra voltar atrás. Aí elas ficam pairando na minha cabeça, viram cambalhota pelos meus olhos, fazem cócegas no meu nariz e, quando alcançam a boca, as letras se embaralham e fica uma confusão só! Então, o que eu queria dizer eu deixo pra depois e me guardo ao conforto de ouvir. E como é bom ouvir as palavras que pensava que só eram minhas...

domingo, 8 de maio de 2011

Desconforto


Tudo que me foge aos dedos me atinge. O incerto, isso que me escapa, me agonia, me revira o estômago, me causa ânsias. Não é bom, é perda. Não me venham com conversinhas de que isso torna tudo mais interessante, mais emocionante, mais qualquer coisa.  Se algo se esquiva de mim, se perco o controle, então perco a sanidade, ou parte dela. E sem tê-la por inteiro eu perco a mim mesma, perco minha segurança, meu autoconhecimento.