Eu acredito nas palavras. Não preciso de provas, de estatísticas, eu acredito mesmo, de
verdade. Não preciso nem vê-las. A ciência que se desocupe delas que, para mim,
basta senti-las. Elas me tocam que nem mesmo corte fundo de flecha de índio em guerra de tribos pode
fazer. Elas aparecem com uma aura em seus semblantes, juro, são elas mesmas.
Falam comigo, esses anjos. Dão-me as costas, estas safadas. Voam, sem asas,
como conseguem?
Eu escolho pelas palavras. E se não tem volta, não tem
problema. É o preço que se paga pelo caminho leve e comovente que elas
percorrem na vida. Essa rotina cérebro-boca que dizem que não muda. Como podem?
Como ousam? Se elas passam pelo meu sangue todos os dias, conhecem meu corpo de
cor, me deixam doente do estômago.
Meu voto é das palavras. E digo em alto som: é voto aberto,
que votar secreto é bobagem. Não tem erro, nem decepção. Elas prometem partir
corações em pedaços, erguer reis, derrubar presidentes, salvar vidas, derreter.
Elas cumprem. O mandato é vitalício, o compromisso é eterno.