sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Das palavras


Eu acredito nas palavras. Não preciso de provas,  de estatísticas, eu acredito mesmo, de verdade. Não preciso nem vê-las. A ciência que se desocupe delas que, para mim, basta senti-las. Elas me tocam que nem mesmo corte fundo  de flecha de índio em guerra de tribos pode fazer. Elas aparecem com uma aura em seus semblantes, juro, são elas mesmas. Falam comigo, esses anjos. Dão-me as costas, estas safadas. Voam, sem asas, como conseguem?

Eu escolho pelas palavras. E se não tem volta, não tem problema. É o preço que se paga pelo caminho leve e comovente que elas percorrem na vida. Essa rotina cérebro-boca que dizem que não muda. Como podem? Como ousam? Se elas passam pelo meu sangue todos os dias, conhecem meu corpo de cor, me deixam doente do estômago.

Meu voto é das palavras. E digo em alto som: é voto aberto, que votar secreto é bobagem. Não tem erro, nem decepção. Elas prometem partir corações em pedaços, erguer reis, derrubar presidentes, salvar vidas, derreter. Elas cumprem. O mandato é vitalício, o compromisso é eterno. 

4 comentários:

  1. Injusto não ter nenhum comentário... Acho que todos os grandes monstros da literatura, e até mesmo os escritores de muros de rua, deveriam entrar em cada blog corajoso e despretensioso que se arrisca a fazer, diariamente, essa homenagem às palavras... Vai em frente! =) Eu tentei, mas o meu tá um pouco abandonado... rs

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  2. Incrível a facilidade que tens para exprimir exatamente em "palavras" o que se passa na cabeça, inclusive na minha. Parabens mesmo! está um texto excelente!!

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  3. São textos que viajam. Muito obrigada por mais essa aventura com as palavras!

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