segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Soneto da Lembrança


Da fotografia que eu vejo o lampejo daquele momento.
Os olhos miúdos - que sono, que nada! - da luz se esquivavam
No rosto de riso nem sempre lembrança de bom sentimento
Me via vivendo na história o que a imagem já não revelava

Me reviravolta a barriga a inconstância da curva do tempo
Desse que passa, não volta, recria e só deixa marcado
Do tempo, a própria história que um dia fragmentada
Me conta a memória que grita e atormenta deixando o calado

Naquele retrato que de tão pequeno haveria rasgado
Na mesa que cede incansável ao peso que faz a lembrança
Um pedaço de hora vivida perdido enquanto parado

E será no exato momento da fotografia havia
Um amor impossível, um barco, uma queda, um sonho, uma dança
Concluo: Quanto mais da fotografia, menos da vida.

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